O Clube / Historial
A Vencer desde 1979, muito mais do que um clube
Estávamos em dezembro de 1979, há bem pouco tempo saídos da Revolução dos Cravos, que tantas expectativas criou à sua volta essencialmente para os jovens, abrindo-lhes novos horizontes, quer no nosso pequenino Portugal, quer no mundo. Viviam-se ainda, em Portugal, momentos políticos e económicos muito difíceis, em que os políticos se entretinham a montar estratégias para saber como chegar ao poder, mas em que a economia se afundava dia após dia e se começavam a vislumbrar situações de grande dificuldade para todos os portugueses. Fruto desta turbulência, e com o objetivo de criar uma maior envolvência social, em finais de 1979, Francisco Sá Carneiro cria a Aliança Democrática, uma coligação do PPD/PSD, com o CDS-PP de Diogo Freitas do Amaral, o PPM de Gonçalo Ribeiro Teles e alguns independentes. Estava criada, assim, a maior coligação após o 25 de abril, que acabou por vencer as eleições legislativas, em 2 de dezembro desse ano.
Ao mesmo tempo, respirava-se e sentia-se o ambiente do Natal, com a sua euforia consumista, com as ruas enfeitadas e as montras dos estabelecimentos comerciais muito iluminadas e decoradas, com motivos fortes alusivos à época – época de dar e de receber, época em que não é possível cruzarem-se os braços, até porque o maior homem de todos os tempos nasceu e morreu de braços abertos.
O Grupo Desportivo da Lasa: desde a criação até à conquista da Taça dos Campeões Europeu de Clubes
Tendo como pano de fundo este ambiente e estes acontecimentos, dois irmãos – José Antunes e Jorge Antunes – um com 11 e outro com 8 anos de idade, conversavam serenamente à volta de uma mesa em casa e programavam alguns passatempos e brincadeiras, em função das circunstâncias, do tempo e da idade. Fruto da parca mobilidade dos jovens, à época, e aliado a um forte sentimento associativista, os mesmos agrupavam-se em clubes que, periodicamente, lançavam torneios populares de Futebol de Salão, habitualmente disputados no Ringue dos Caçadores (agora Park Club), em Vizela. Assim, os dois irmãos pensaram em convidar alguns jovens e lançar também a semente na empresa dos seus pais, a LASA, para a constituição de um grupo de amigos que competissem nos diversos torneios populares em questão. É desta forma que nasce o Grupo Desportivo da LASA, constituído por José Antunes, pelo irmão Jorge Antunes, por alguns trabalhadores da LASA e por alguns amigos de juventude, que depois se veio a consolidar com a disputa das taças nos torneios particulares em que começaram a participar.
Os jovens mentores, entusiasmados com o grupo criado, o espírito de corpo em que viviam, as vitórias que começaram a conquistar e as condições particulares que se lhes ofereciam, decidiram então filiar-se na Associação de Futebol do Minho, integrada na Federação Portuguesa de Futebol de Salão, e passaram a competir oficialmente.
Começa desta forma a escalada de sustentação, de crescimento e de afirmação do Grupo Desportivo da LASA, cada vez mais aglutinador e entusiasmante face ao número de vitórias conseguido, traduzido na conquista de todos os títulos que se encontravam em disputa: 3 vezes Campeão Nacional da 1.ª Divisão, uma Taça de Portugal, 2 Supertaças Nacionais, 4 vezes vencedor do Troféu Nacional, uma vez Campeão Ibérico e, finalmente, Campeão Europeu de Clubes.
A morte de Jorge Antunes
O Grupo Desportivo da LASA vivia momentos muito altos de glória e de euforia, incutia vaidade a todos os que o integravam, arrastava consigo a juventude, promovia a vila de Vizela e enchia de orgulho muitos vizelenses. Contudo, a 6 de maio de 1989, um acontecimento infausto e trágico marcou a história do Grupo e deu origem a uma viragem histórica: a morte do irmão Jorge Antunes num violento acidente de viação, com 19 anos de idade. Esta morte levou consigo um pouco de todos os que o conheciam e amavam e o seu funeral foi a manifestação pública mais espontânea, mais vibrante e pungente, mais profunda e marcante que se viveu até hoje em Vizela. Em todos estava bem presente o sentimento profundo da perda e do vazio que a sua morte provocou. Com uma presença e uma participação maciça, entusiasmante e contagiante, a juventude vizelense quis dizer: presente! Assim desaparecia uma figura muito grada e querida, deixando em todos um enorme sentimento de saudade.
Os seus pais, num misto de amor a Vizela, de gratidão a todos os que tão espontaneamente no funeral se solidarizaram com a sua perda, essencialmente os jovens, e porque sentiam a obrigação de perpetuar a sua imagem no que foi a sua vida para a juventude vizelense, decidiram então perpetuar a sua memória, através do seu espírito solidário, e resolveram criar uma fundação, à qual deram o nome de Fundação Jorge Antunes. É uma Fundação virada para os jovens, mas também para a sociedade vizelense; está localizada bem no centro da cidade, em edifício próprio e nobre que os seus pais entenderam doar à mesma. O Presidente do Grupo Desportivo da LASA, José Antunes, numa partilha de sentimentos e de respeito pelos seus pais, entendeu também mudar o nome do clube, passando assim o mesmo a chamar-se: Grupo Desportivo da Fundação Jorge Antunes, conforme estatutos e registo de 27 de dezembro de 1991.
A ingressão no Futsal e a conquista das Taças de Portugal
Na época desportiva de 1999/2000 uma nova viragem histórica acontece e o Grupo adquire os direitos desportivos da Associação Desportiva da Universidade Lusíada, abandonando definitivamente o Futebol de Salão. Passa, assim, a ingressar oficialmente no Futsal. Na época desportiva 2000/01 regressa às vitórias e conquista a Taça de Portugal e, na época de 2001/02, repete novamente esse êxito e essa proeza. Assume-se como bi-vencedor do referido troféu, sendo, até hoje, um facto inédito na modalidade.
Numa perspetiva de maior afirmação junto da população, de Vizela e do país, o Grupo Desportivo da Fundação Jorge Antunes entende reformular os seus estatutos. Posto isto, deixa de ser um grupo fechado e abre a Assembleia Geral aos sócios – na altura, o clube já atingia o número de 424 associados.
A aposta nas Camadas Jovens
Os anos seguintes tiveram como protagonistas as camadas jovens. Na época 2002/03, os Juvenis sagram-se Campeões Distritais da Associação de Futebol de Braga, seguidos de Iniciados e Infantis na época 2003/04. Em 2004/05, os Juvenis são Campeões Nacionais e Distritais, sendo que os Iniciados conquistam o mesmo troféu apenas na Associação de Futebol de Braga.
Na época de 2010/11, o Grupo Desportivo da Fundação Jorge Antunes possui já equipas em todos os escalões: Benjamins, Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores, sendo que todos eles estão ativos nas competições oficiais, onde há equipas a vencer os seus campeonatos. Nos escalões de formação, o Grupo tem em desenvolvimento e formação no Futsal aproximadamente 140 atletas. Esta é a realidade indesmentível e incontornável do Grupo Desportivo da Fundação Jorge Antunes, em que o amor à modalidade, ao desporto e à terra levam os seus mentores e os seus seguidores a esforços, trabalhos e despesas importantes e significativas, por vezes incompreendidas por muitos, mas em parte sustentadas e reconhecidas por alguns.
A atual denominação e o fim da equipa sénior
Em Assembleia Geral Extraordinária de 28 de abril de 2011 ficou decidido que o nome da associação voltaria a mudar, passando a denominar-se simplesmente Desportivo Jorge Antunes. Esta mudança aconteceu com o propósito de que não se confunda a Fundação Jorge Antunes com o clube. Os agradecimentos à Fundação Jorge Antunes pela autorização da denominação são muitos, mas acordou-se que assim seria melhor. No entanto, o nome de Jorge Antunes permanece como representação da sua memória e saudade.
Em junho de 2011, por falta de apoios económicos e estruturais, o Desportivo Jorge Antunes viu-se forçado a acabar com a equipa sénior, notícia que entristeceu sócios e adeptos. Prova disso, foi a entrega de um abaixo-assinado na Câmara Municipal de Vizela, por parte de adeptos do clube, a pedir que a equipa não acabasse.
Na ânsia de colmatar esta falha, na época de 2011/12 cria-se a equipa sénior feminina. No entanto, por falta de suporte logístico, a equipa apenas durou uma época.
Outras modalidades: o sucesso no BTT Downhill
Independentemente de tudo isto, o Desportivo Jorge Antunes continua na sua senda de prestígio e notoriedade, estando aberta à sociedade vizelense e não é, como muitos a viam e classificavam, aquele grupo elitista e fechado, até porque esta casa não se alimenta apenas de Futsal. O clube tem outras atividades em que se tem vindo a destacar a nível local, nacional e internacional, como é o caso do BTT Downhill e, mais recentemente, do BTT Enduro, em que se encontram inscritos 18 atletas de todas as idades, e dos Matraquilhos, com mais quatro.
No caso do BTT, 2014 teve a melhor prestação de sempre com as conquistas da Taça de Portugal de BTT Downhill e da Taça de Portugal de BTT Enduro, ambas em Equipas, e ainda os triunfos individuais do atleta David Martins no Campeonato Nacional de Enduro, na categoria de Cadetes, e a conquista do Campeonato Regional do Minho de Downhill pelos atletas Ricardo Soares, na categoria de Master 30, e Augusto Pedrosa, em Master 50.
Ao longo dos anos, o palmarés do clube continua em crescimento, contando ainda com troféus em outras modalidades: Andebol, Artes Marciais, Atletismo, Ciclismo, Cicloturismo, Pesca e Vale Tudo.
Os 35 anos na nova casa
Os anos vão passando e a Associação – Desportivo Jorge Antunes vai-se solidificando e afirmando, sendo muitas as expectativas para o futuro. É indesmentível que tudo isto é fruto de uma aposta pessoal e, porque não, de uma forte teimosia de alguém em atingir importantes objetivos no mundo desportivo e social. A aposta na comunicação e imagem do clube é fruto disto mesmo, uma forma de levar o passado, o presente e o futuro a todos e a cada um.
Com todos, a associação quer partilhar a Sede, sita na Travessa de Frades, onde tem o seu próprio espaço de trabalho, de reflexão e de celebrações, espelhadas nas mais de três centenas de troféus e taças que, com muita determinação, saber e garra de vencer, se conquistaram ao longo dos últimos 35 anos.